A S10 foi eleita a picape da vez por traficantes bolivianos, que as encomendam às dezenas, na Grande Cuiabá. Os veículos são trocadas por cocaína ou vendidos em dólares.
Por ano, são roubados cerca de 120 veículos na área metropolitana da Capital, segundo números da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos.
E a recuperação é pequena, em comparação aos demais veículos. Desse total, cerca de 90% atravessam a fronteira e chegam até o país vizinho.
Com uma média de 10 caminhonetes roubadas mensalmente, o número aumentou nos últimos meses. Setembro liderou o aumento das ações criminosas.
Em 19 dias, foram 12 picapes roubadas e somente duas recuperadas – uma delas, pelos próprios policiais da Roubo e Furtos, que localizaram uma de cor branca escondida no bairro Ouro Verde, em Várzea Grande.
A outra foi encontrada pela PM com um defeito no câmbio.
Segundo os policiais, o número de roubos de S10 havia caído no primeiro semestre porque o policiamento na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia havia se intensificado.
A forma como a picape foi encontrada ilustra o funcionamento do esquema utilizado pelas quadrilhas. Após serem roubadas, as S10 são escondidas em determinado local, até que sejam “liberadas” para atravessar a fronteira.
Uma dupla armada rende o proprietário na porta da casa dele e leva a picape. No último dia 12, uma S10 preta foi roubada dessa forma, no bairro São Simão, em Várzea Grande. Na fuga, os bandidos ainda atiraram para o alto.
No dia 1º, dois homens renderam o proprietário de uma S10 prata, no Parque Ouro Branco, em Várzea Grande, e levaram o veículo.
No dia 17, bandidos renderam o motorista do proprietário do carro que levava medicamente para a família no bairro Ouro Verde, em Várzea Grande. Após estacionar, ele foi rendido por dois homens, que chegaram em duas motos.
“Com certeza, os bandidos já estavam seguindo a vítima, pois eram dois em duas motos e que desceram, renderam o motorista e levaram a picape”, disse um policial.
Os policiais suspeitam que os bandidos tenham feito a análise de proprietários de S 0 e seus endereços. No ano passado, um morador do Parque Cuiabá só não foi roubado porque ele se atrasou para retornar para sua residência.
Um vizinho percebeu alguns homens estranhos na porta da casa e ligou para que ele, avisando das suspeitas. No dia seguinte, descobriram se tratavam de dois ladrões de S10.